Duas versões

Vera Pinheiro

Estou tão feliz que vocês não imaginam o quanto! Preciso compartilhar isso! Encontrei o cabeleireiro que eu sonhava! Tuuuuuuudo de bom! Muito jovem e muito competente! Contei pra vocês que estava com vontade de botar luzes na minha cabeça loura, e que estava com medo, dado o trauma de tesoura que adquiri com um homem que cortou os meus cachos como se os odiasse!

Cassio é o cabeleireiro da minha filha Camila e tem feito maravilhas pelos cabelos dela, mas eu ainda não havia ido ao salão dele. Por que as mães não ouvem os conselhos das filhas, né, não?

Praticamente empurrada pelas minhas colegas e incentivada pela filha, fui lá ontem à noite. Fiquei aliviada quando cheguei e soube que ele estava fazendo um lanche. Era a chance que eu tinha para fugir, mas ele voltou logo e eu fui pra cadeira. Estava em pânico, mas disfarcei. Cassio percebeu e tratou de me distrair enquanto enchia a minha cabeça de papel laminado. Estava me sentindo uma perua de Natal, pronta para ir ao forno.

Durou menos do que eu pensava... e não doeu. Ai, que aflição! Será que vai dar certo? Eu queria tirar o louro-ovo da cabeça, mas não queria piorar a situação. Adotei o lema Tiririca: "Pior que tá não fica".

Cassio quis fazer uma escova. Detesto isso. Aliás, nem penteio os cabelos. Nisso, como em outras coisas, sou uma selvagem. Mas aceitei para ver os detalhes das luzes nos fios, os meus poucos fios que restaram depois que o outro cabeleireiro trucidou meus cachos.

Resumindo a ópera: que pena eu ter ido para casa depois do salão. Os meus cabelos estavam tão sedosos, cheirosos, luminosos e macios que mereciam uns afagos. Eu jogava os cabelos para lá e para cá. Nossa, uma coisa assim de propaganda de shampoo/condicionador.

Hoje de manhã, porém, meio dormindo, esqueci da escova e entrei com tudo no chuveiro. Adorei também. Não gosto de me ocupar demais com os cabelos e lavo a cabeça todos os dias. Sei lá, sem isso parece meio banho...

Eu em duas versões. Tipo salada crespa e lisa... Uma questão de preferência...